A logística pode ser um gargalo na indústria?

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Também conhecida como TOC – Theory of Constraints, a teoria das restrições foi criada pelo físico israelense Eliyahu M. Goldratt. Ela começou a ser desenvolvida nos anos de 1970 quando Goldratt se propôs a desenvolver um software de planejamento e controle da produção de gaiolas para aves, e este deu origem à OPT (Optimized Production Technology); ganhando projeção mundial com a publicação do livro A Meta em 1984.

Este livro trata dos processos de uma indústria, do porquê de funcionar de tal maneira e como é possível sanar os problemas com atrasos na produção e entregas e receita baixa. Com resultados alcançados na prática, o processo de melhoria contínua desenvolvido por Goldratt pode ser aplicado, além das indústrias, em bancos, hospitais, seguradoras, e até no ambiente familiar.

Para Goldratt, “a verdadeira capacidade produtiva depende de onde se encontra o recurso na fábrica. E tentar nivelar a capacidade com a demanda […]”. Assim, a produção aplica os conceitos da Teoria das Restrições e melhora o processo produtivo e não permite que os gargalos, e a logística pode ser um deles, as impeçam de atender às expectativas do mercado e dos clientes.

Aplicação da Teoria da Restrições e suas etapas

A TOC vem sendo aplicada em três níveis distintos de tomada de decisão: * gerência da produção: dificuldades relacionadas aos gargalos, à programação e à redução dos estoques; * análise de rentabilidade, decisões não somente baseadas em custo, mas sim no processo de melhoria contínua; * gestão de processos: identificação de fatores organizacionais que dificultam as empresas de alcançarem seus objetivos.

São cinco as etapas para aplicação da TOC

Identificar a restrição do sistema:

Em uma indústria, a restrição pode ser o tempo disponível ou a capacidade de uma máquina, setor ou de uma estação de trabalho. Já nas empresas de serviços ou de tecnologia, a restrição pode ser o tempo disponível dos funcionários mais treinados ou ainda a expedição, diretamente ligada à logística.

Calcular a rentabilidade consumida na restrição:

Este dado é resultado da divisão da margem de contribuição unitária pelo consumo de recursos da restrição na produção de um produto. Se a empresa se concentrar na produção e venda de produtos com maior rentabilidade por unidade de recurso consumido na restrição aumentará os lucros.

Subordinar o sistema à restrição:

Os recursos e estoques devem ser gerenciados de tal maneira que fornecerão exatamente o que o necessário para atingir os objetivos definidos para a restrição. Atentar que esta etapa pode implicar na ociosidade de recursos que não são restrições. Frequentemente, o sistema é subordinado a restrição através de um método de programação e controle da produção conhecido como Tambor-Pulmão-Corda (Drum-Buffer-Rope ou DBR).

Romper ou elevar a restrição do sistema:

Através da melhoria contínua das operações e de capacidade na demanda, a restrição do sistema pode ser rompida, e assim deixar de ser uma restrição. Uma nova restrição física ou não física, interna ou externa, vai ocupar o papel da anterior.

Identificar a nova restrição do sistema:

Caso a restrição seja rompida e voltar a primeira etapa. Nesta etapa, importante não deixar que a estagnação se torne a restrição do sistema.

Os gargalos no processo produtivo

Uma restrição, um gargalo, é um fator que limita o movimento em direção aos seus objetivos. Obviamente, para a aplicação da TOC é necessária uma definição dos objetivos pretendidos.

Na maioria das vezes, as empresas têm como objetivo principal o lucro presente e sua sustentabilidade duradoura. Há dois tipos de restrições: físicas, relacionadas a recursos como máquinas, veículos, equipamentos e as não físicas, como demanda de um produto, procedimentos corporativos.

Os gargalos são restrições do fluxo de itens no sistema produtivo, pois todo processo de produção tem um fluxo que atravessa um conjunto de etapas. O gargalo tem menos capacidade de produção ao longo do processo e, assim, vai determinar a competência total do sistema produtivo, interferir ainda na sua velocidade. Assim, devido a essa ocorrência, surgiu o nome da teoria. É preciso levar em conta que o gargalo é a restrição que delimita a produção e os ganhos da empresa, e vai desde problemas na produção até a logística, como a entrega do que foi produzido.

Entender o que é o gargalo se torna imprescindível na aplicação do modelo de gestão sugerido pela TOC, pois tem como foco o posto de trabalho, que estabelece a capacidade total do sistema produtivo. A ideia central da teoria é ampliar a operação onde está o gargalo.

Conclusão

A aplicação da Teoria das Restrições se mostra flexível e seu emprego pode ser individual ou em conjunto com outros sistemas. Conforme a tese do autor, o gerenciamento dos gargalos é que deve planejar e controlar a produção. Na TOC, o fundamento principal abordado é a restrição. Esta, definida pelo autor como “qualquer coisa que limite o alcance do objetivo da empresa”, como o elo mais fraco de uma corrente, ou ainda, alguma coisa que a empresa não tem o suficiente. Como habitualmente há restrições em todos os sistemas, é dever dos gestores analisa-las para que não se transformem em grandes problemas.

A logística também pode ser tornar um gargalo. Por isso, os gerentes de produção precisam entender que muitas vezes, por falta de conhecimento, são aplicados esforços em setores ou processos não gargalo que acabam prejudicando a empresa, aumentando o consumo de matérias-primas e de estoques, e também os custos.

CCA Team

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