Precisão e agilidade marcam os desafios da logística, segundo diretor da CCA Express

Gustavo Picolli avalia que características podem fazer a diferença na competitividade dos negócios

Em uma sociedade que anseia por respostas cada vez mais rápidas, soluções ágeis de logística se apresentam como um diferencial na competitividade dos negócios. Segundo uma pesquisa da Transparency Market Research, o mercado global de logística pode movimentar até 92 bilhões de toneladas de mercadorias em 2023, o que equivale a R$ 15,5 trilhões. Ainda conforme o estudo, a transformação digital tem impulsionado o setor, assim como o e-commerce.

Para Gustavo Picolli, à frente da CCA Express, empresa com experiência de 25 anos na área, o conhecimento da malha brasileira é fundamental, assim como o uso de recursos que contribuam para a agilidade do serviço – ainda mais quando se tratam de soluções personalizadas, uma das especialidades da empresa, segundo ele.

– O cliente é quem define o prazo e as regras. Sempre buscamos novas tecnologias para ajudar na parte de rastreamento, emissão, tudo para agilizar o processo, embarcar o quanto antes e oferecer sempre a melhor opção – afirma o diretor financeiro e de TI da empresa.

Picolli explica que as dimensões do Brasil são um desafio, ainda mais pela quantidade reduzida de opções, com poucas companhias operando em toda a malha aérea. Além disso, a infraestrutura aeroportuária também não é a ideal. Nesse contexto, conhecer os melhores caminhos, horários de conexão e monitorar as companhias é fundamental.

Segundo o diretor, a equipe da CCA Express consegue, por exemplo, ver em qual hub tem mais cargas paradas, evitando o tráfego por aquele ponto. O contato é feito direto com as companhias, que mudam a conexão e ajudam a escoar as mercadorias. É com essa capacidade que a empresa se propõe a alcançar qualquer cidade do Brasil em até 5 dias e as capitais, em 24 horas.

Em entrevista, Gustavo Picolli conta um pouco mais sobre essa atuação e fala de tendências no setor. Confira:

Qual o cenário do mercado de logística no Brasil?

Tem bastante concorrência. Poucos conseguem se destacar por essa expertise, conhecendo os detalhes das operações. Não é um país fácil, não basta ter um registro e conseguir fazer transporte. Se não souber qual é a melhor companhia para cada situação, não consegue entregar um serviço de qualidade.

Temos soluções equivalentes aos países desenvolvidos, ainda que para atender o mercado interno, que é imenso?

O Brasil está um pouco atrás dos demais países. Poderíamos ter mais companhias aéreas. Mesmo em um país do tamanho do nosso, tem empresa que quebra e não é substituída por nenhuma outra, então existe algum problema. É estranho não termos facilidade de entrarem mais companhias aéreas. Na faixa internacional tem bastante.

Na Europa, em países menores, que seriam o equivalente a um estado nosso, vemos muito mais opções, todas tendo resultado positivo. Isso impacta diretamente no mercado da logística.

Onde estão as pontes para o crescimento nos próximos anos?

O principal é o e-commerce, com certeza, mas vejo um crescimento geral, em todos os lugares. Muitas empresas estão buscando um atendimento cada vez mais rápido. Grandes players entregam no Brasil inteiro em dois dias. Quem quiser competir precisa seguir o ritmo deles. Se não tiver um parceiro logístico que também atenda em 48 horas, pelo menos nas capitais, e no interior em no máximo 5 dias, estará fora do mercado e não competirá com os marketplaces. Já estamos percebendo esse crescimento expressivo. A pandemia aumentou muito a demanda, acelerou em alguns anos esse processo.

Como o setor acompanha tudo isso?

Cada vez a logística e a tecnologia andam mais juntas. Quanto mais rápido se faz o transporte, mais rápido a informação precisa estar com o cliente. Não adianta a informação chegar quando o produto já está em rota de entrega. O rastreamento só faz sentido se for preciso, com acesso à localização do motorista, por exemplo.

E como a CCA Express vai se inserir nesse contexto?

Estamos com um novo software para prestar esse serviço. Ajuda muito para não gerar reentrega, reduzindo custos para nós e para o cliente. Já tínhamos um sistema próprio e estamos migrando para outro, que foi desenvolvido para ter essa facilidade de informação para o cliente e fazer com que ele tenha a informação na ponta do dedo, via aplicativo. E também facilitar a nossa parte, na automação de emissão, evitando erros e reduzindo interferência humana. O rastreamento com as companhias aéreas também está integrado. O sistema recebe as informações rapidamente e disponibiliza com agilidade para o cliente.

Em um caso recente, nosso cliente precisava fornecer equipamentos para uma rede de farmácias que seria inaugurada na mesma semana, em todo o Brasil. Conseguimos chegar a todas elas em 48 horas, tornando possível a abertura das lojas.

Com as inovações, a empresa está pronta para crescer no mercado brasileiro?

A projeção é de aumentarmos o faturamento em 30% este ano. Nosso mercado, interno e externo, não está ajudando. Há incerteza fiscal e política, muita gente não faz investimentos, não compra novos equipamentos, o que desacelera um pouco a atividade. As montadoras de veículos também deram uma parada e tudo acaba afetando diretamente nosso trabalho.

Crescemos 40% por ano em 2021 e 2022, mas ainda tem bastante espaço. Com os tempos difíceis, as empresas não consolidadas acabam não conseguindo suprir um atendimento, por não ter uma estrutura adequada. É a época em que os clientes têm mais tempo e necessidade de avaliar as opções, então acabam procurando as alternativas mais especializadas.

Matéria publicada originalmente em: https://bit.ly/45Jz6CH