Em inglês Milk é leite e Run corrida, ou seja, Corrida do Leite. É o nome dado ao processo logístico de coletas programadas e normalmente usado para o abastecimento de suprimentos (inbound). Mas também pode ser utilizado na distribuição de materiais (outbound).
O nome é inspirado no processo de coleta e entrega de garrafas de leite do início do século XX na Inglaterra. Como as fazendas de produção de leite eram pequenas, os produtores não podiam sustentar o custo de entrega sozinhos. Então a ideia – que hoje nos parece um tanto óbvia – foi reunir e consolidar as cargas, no caso, as garrafas de leite, e entregá-las em uma rota única. O caminhão coletava o leite nos produtores num horário pré-determinado, e começava a entrega nas casas. Após a entrega, retornava para o ponto inicial, fazendo um trajeto cíclico.
Importante dizer que no momento da entrega das garrafas cheias de leite, o caminhão também recolhia as garrafas vazias do dia anterior. O processo é eficiente porque otimiza o uso do caminhão, trazendo uma economia considerável, pois além do custo do transporte também há ganhos com a redução de estoques.
Planejamento e sincronia da Operação Milk Run
Todavia, o Milk Run utilizado pelas empresas atuais é infinitamente mais complexo. Isso porque não estamos falando só de um tipo de produto ou suprimento, como no caso do leite. Significa que o sistema produtivo de cada fornecedor participante do Milk Run difere um do outro, fazendo com que tenham que se adaptar ao prazo para disponibilização do suprimento.
Outro fator importante no processo de coleta ou entrega programada é a informação correta da quantidade, peso e volume do que será transportado.
Então, para que esse sistema funcione corretamente e traga os benefícios desejados é preciso antes de tudo uma sincronia entre os participantes. A informação é a principal ferramenta para esse planejamento.
Para implantação da operação é preciso que os fornecedores estejam localizados numa mesma área, caso contrário, as vantagens diminuem, pois, o lead time aumenta. Depois se determina uma janela de tempo para a coleta ou entrega.
Além disso, são determinadas as características das mercadorias e a quantidade de carga, projetando o máximo possível de ocupação do caminhão.
O desafio do sistema Milk Run está na adaptação dos processos produtivos dos fornecedores para alcançar a maximização do transporte. E isso exige canais adequados de comunicação e o comprometimento dos participantes. O dever dos fornecedores é disponibilizar a carga em embalagem padronizada nas docas de expedição no horário estabelecido. Em contrapartida, o operador logístico (caminhão) deve ser pontual nas coletas e entregas.
Sistema Milk Run no setor automobilístico
Muito usado na indústria automobilística, inicialmente japonesa, e depois em quase todas as outras, a operação Milk Run é uma prática importante no sistema Just In Time. Ele ajuda a transformar em realidade a “produção puxada” onde só se produz quando há uma demanda. O chamado Tak (velocidade de produção) é regulado em função dos estoques.
Quanto mais complexa é a cadeia de produção, maior será o ganho, mas também o desafio de implantação é grande. Sincronizar é a palavra- chave.
Veja um exemplo da economia que a Scania conseguiu através do sistema Milk Run.
Vantagens da coleta programada
- Redução de veículos ativos;
- Auxílio na implantação e manutenção do sistema Just In Time;
- Redução de estoques, já que o sistema busca um fluxo no abastecimento;
- Agilidade no carregamento nas docas, pois são feitos em horários pré-estabelecidos;
- Diminuição de emissão de CO2 na atmosfera pelos veículos, que trafegam menos;
- Ganho no manuseio das cargas devido às embalagens padronizadas;
- Diminuição da obsolescência dos produtos, porque favorece maior giro do estoque;
- Redução dos custos de processamento do inventário.
Conclusão
É nítida a relação entre as ferramentas avançadas na logística com a comunicação sincronizada entre os elos da cadeia produtiva. Quase sempre isso significa obter os dados em tempos reais, ou o mais rápido possível. Mas só isso não basta, afinal, a comunicação entre transportadores e empresas dificilmente se tornará totalmente automatizada. Isso quer dizer que a ação humana ainda é vital para que a sincronia ocorra. Seja ela no sistema Milk Run ou qualquer processo logístico.
Acreditamos nesses dois princípios: análise de dados e treinamento do time. Quer saber como fazemos isso? Veja mais sobre nossos serviços ou entre em contato conosco.
CCA Team
Excelente artigo!!! Muito didático, efetuado por profissionais com extremo conhecimento.
Parabéns!!!!!!!
Obrigado, Marcos!
Queremos continuar nessa linha, com qualidade.